sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A História das Residências Universitárias da UFBA

A instituição universidade teve origem na Idade Média com as corporações de estudantes, que reunidos contratavam professores para as aulas. A isso chamavam universitas e era um ensino com a pretensão de ser universal. Esses estudantes de origens diferentes reuniam-se em casas, conhecidas por nações, pois cada uma abrigava estudiosos oriundos de lugares diferentes. Um "conselho de nações" definia os rumos da universidade da época. No Brasil a universidade é uma algo nova e tem como característica a reunião de faculdades existentes.A mais antiga casa de estudantes do país, com 142 anos, está na Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP -. Sua criação deu-se pela necessidade de fixação dos alunos e professores no interior mineiro, na Escola de Minas de Ouro Preto, que tinha os cursos isolados da área de mineração, engenharia e geologia, liderada por Gorceix(1) . No entanto, só a partir do governo de Getúlio Vargas é institucionalizada a assistência estudantil. Com isso vem a determinação da criação das cidades universitárias para fixação de docentes e discentes nas recém - nascidas universidades brasileiras.
A UFBA, sexta instituição universitária do Brasil, nasce em 1946 neste clima. Edgard Santos, fundador e o primeiro reitor por quinze anos, dedicou - se à implementação dos cursos e infra-estrutura que hoje são base da Universidade Federal da Bahia. A Universidade da Bahia foi a junção das Faculdades de Medicina e suas escolas anexas de Odontologia e Farmácia, Escola Politécnica, Faculdades de Filosofia , de Direito e a de Ciências Econômicas. Essas Unidades eram espalhadas pela capital baiana e tinham caráter privado, recebendo subvenção do governo.
Entre as primeiras - e principais - obras da UFBA destacam-se as construções do Hospital Universitário, a Reitoria e a Escola de Enfermagem e a compra dos imóveis das duas primeiras residências universitárias.
A Escola de Enfermagem (1947) manteve por quase trinta anos um sistema de internato: as alunas da graduação e da pós-graduação mais as primeiras professoras moravam na própria escola.
Nos anos 50 criou-se o Departamento de Assistência ao Estudante - DAE que equivale hoje a Superintendência Estudantil. O Serviço Médico funcionava na Reitoria.
primeiro espaço de convivência universitária. O restaurante recebia autoridades acadêmicas, políticas e culturais, além de alunos, professores e servidores da UFBA. Foi palco também de movimentos políticos de grande importância, como a resistência à ditadura militar. No mesmo lugar havia torneios esportivos, um balneário, bailes, cinema, palestras e gabinete dentário. A Residência da Universitária, no Canela, foi inaugurada em 1956, e dividia a casa com a Escola de Dança.
Na década de 60, por pressão do movimento estudantil, a Casa do Estudante Estrangeiro, mantida pela UFBA no largo da Vitória, é transformada em residência universitária nos moldes das outras duas já existentes.
Em 1965 a Escola de Agronomia é incorporada à universidade e com ela vieram as casas e o restaurante para os estudantes, professores e funcionários naquela unidade na cidade de Cruz das Almas.
Em 1981 inaugurou-se o Restaurante Central, em Ondina, que foi construído para atender a reunião anual da SBPC -Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, num investimento em infra-estrutura em assistência não mais repetido no Brasil pelo Governo Federal. Bem maior que o da Vitória, mas foi fechado dez anos depois. O Restaurante da Vitória atende desde 1993 apenas aos residentes e bolsistas - alimentação.
A ditadura militar dissolveu a convivência entre os membros da academia. Através da Reforma Universitária implantou um sistema que ampliou o número de matrículas e limitou a ligação afetiva com a universidade. O sistema de créditos fragmentou o oferecimento de disciplinas em várias unidades e sem a manutenção de um fluxo acadêmico fixo, a sua grade curricular, dispersando os alunos pela instituição, sem lhes permitir a formação do sentido de identidade estudantil e solidariedade universitária.
Exceto a Escola de Enfermagem que fechou seu internato na década de 70, as outras casas de estudante da UFBA mantém-se após sucessivas crises de financiamento e gerenciamento. As residências estudantis da UFBA junto com o Restaurante Universitário da Vitória constituem o único espaço de convivência universitária da UFBA.
Neste ambiente formaram-se vários profissionais, pesquisadores e grande parte das gerações de professores da UFBA e de outras instituições. Os processos vivenciados entre esses sujeitos refletem não só concepções de universidade, mas o aprendizado constante possível não só nas salas da UFBa , mas em espaços e momentos alternativos.
Havia nesta época apenas 437 cursos universitários no Brasil, representando 44.097 alunos.A federalização da Universidade da Bahia, em 1950 , assegurou a esta orçamento ligado ao Governo Federal. A partir de então pode-se ampliar a universidade.A certeza do orçamento deflagrou um período de expansão durante a década de 50. Em 30 de maio deste ano é efetuada a compra do imóvel pertencente a Otávio Ariani Machado ( área da benfeitoria: 2160m2, área do terreno: 2125m2)(2) , na Avenida Araújo Pinho, 12, Canela. Ali, seis anos depois funcionariam a Casa da Universitária e a Escola de Dança.São adquiridos os imóveis pertencentes a Francisco Calmon Vilas - Boas, na Avenida sete de Setembro, 383 - Centro, onde vem a instalar-se a Residência do Universitário (09/07/1956) e a Fernando Menezes de Góes, na Praça Rodrigues Lima, 2 A Vitória ( 30/01/1959) onde, pôr esforço do movimento estudantil instala-se outra residência da Universidade.A assistência estudantil destaca-se no período entre 1951-55. Cria-se o Departamento de Assistência ao Estudante - DAE para organizar os serviços, médico, de alimentação,alojamento, odontológico e bolsas de estudo . Teve como primeiro diretor o professor Rubens Brasil e a sede ficava na Reitoria ( prédio inaugurado em 1952). Este órgão equivale hoje a Superintendência Estudantil.
Procura-se como medida observar as condições de precariedade ou não dos estudantes a fim de estimar-se quais os que se encontravam em situação de carência de auxílio para o prosseguimento de seus cursos.(UFBA; 1967; p.65)

(1)CARVALHO, José Murilo de. A escola de minas de Ouro preto- o peso da glória.Ed. Nacional. Rio de Janeiro,1978 .FINEP (2)Universidade Federal da Bahia, Prefeitura do Campus Universitário- 28.05.1996

Nelma Barbosa

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